Tudo era diferente no tempo das nossas avós; Elas passavam o dia a bordar, a trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando crianças, frequentando saraus. Mantinham o domínio sobre os homens, que dependiam delas para comer, se vestir… Mas também eram dependentes de seu dinheiro e de suas vontades.
A vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Para algumas as coisas mudaram. Para mim mudou.
Não é fácil, mas posso dizer com convicção e orgulho: EU ADORO SER ASSIM!
Ser uma mulher moderna e independente é se acostumar, e gostar, do ritual diário de acordar muito cedo, mesmo reclamando de sono, arrumar a cama, escolher a roupa cuidadosamente, para poder sair do trabalho direto para a faculdade, ou para o happy-hour, sem perder a classe; Fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, que sapatos, acessórios, que perfume combina com seu humor, ter que sair correndo e enfrentar o trânsito, passar o dia inteiro resolvendo problemas dos outros, falando com várias pessoas ao mesmo tempo, respondendo a dezenas de e-mails, lidando com pessoas de todos os níveis sociais, culturais e hierárquicos, e ainda ser simpática com todos; Ir sozinha à oficina, para trocar óleo, filtros, checar o sistema de freios, de quebra consertar um vazamento no radiador, e ainda ficar de papo com o mecânico sem fazer papel de idiota.
Chegar tarde em casa, preparar sua própria refeição, ainda que seja um macarrão instantâneo ou um prato semi-pronto congelado, e depois lavar a louça; Antes de tomar banho ter que trocar o chuveiro, que queimou sem aviso prévio, mas que não pega de surpresa uma mulher prevenida, que guarda todo tipo de ferramenta para as emergências, como quando precisou refazer toda a instalação elétrica de casa, sozinha.
Ser independente é mais do que morar sozinha, é conseguir se sustentar, pagar aluguel, manter o carro, a faculdade, o curso de idiomas, ir ao supermercado e decidir o que comprar e como pagar. É reservar o final de semana para fazer faxina na casa, ir ao cabeleireiro e manicure, passar no shopping e se realizar com uma blusa nova, e durante o passeio ligar para as amigas combinando detalhes da festa que irá depois de estudar para as provas finais da faculdade.
Mas é claro que tudo tem seu preço. Afinal, ser uma mulher tão independente chega a dar calafrios nos homens, e em outras mulheres também. É difícil aceitar esta sua determinação, este desapego à maternidade e o desinteresse de virar esposa, se esta é a visão que nossa sociedade tem da verdadeira função feminina.
Função feminina? A função, e obrigação, de cada uma de nós é cumprir sua missão na terra sendo feliz da forma que escolheu.
Não quero ser mãe, quero dar e receber amor de todos a minha volta. Não quero ser esposa, quero amar e ser amada verdadeiramente, independente classificação que dão ao relacionamento. Não preciso viver com minha família, basta amar meus parentes e ser amada por eles.
Não me importa o título que me deem, sou uma mulher moderna, independente e feliz.